Diz você que a palavra do companheiro é agressiva demais; no
entanto, se você pensar nas frases contundentes que lhe saem da boca, nem de leve
passará sobre o assunto.
Diz você que o amigo praticou erro grave; contudo, se você pensar
nos delitos maiores que deixou de cometer, simplesmente por fugir-lhe a
oportunidade, não encontrará motivo de acusação.
Diz você haver sofrido pesada ofensa; entretanto, se você pensar quantas
vezes tem ferido os outros, olvidará, incontinenti, as falhas alheias.
Diz você que não suporta mais os trabalhos com que os familiares lhe
tributam as horas, mas se você pensar nos incômodos que a sua existência
tem exigido de todos eles, não terá gosto de reclamar.
Diz você que os seus sacrifícios são muito grandes, em favor do
próximo; no entanto, se você pensar nas vidas que morrem diariamente, para
que você tenha a mesa farta, decerto não falará mais nisso.
Diz você que as suas necessidades são invencíveis; contudo, se você
pensar nas privações daqueles que seriam infinitamente felizes com as sobras de
sua casa, não tropeçaria na queixa.
Diz você que não pode ajudar na beneficência, em razão de velha
enxaqueca; contudo, se você pensar naqueles que jazem no leito dos
hospitais, implorando um momento de alívio, não adiará seu concurso.
Diz você que não dispõe de tempo para o cultivo da caridade, mas se você
pensar nos mil e quatrocentos e quarenta minutos que você possui, cada
dia, para viver na Terra, não se esconderá em semelhante desculpa.
Em todo assunto de falta e perdão, não nos demoremos visando os outros.
Pensemos em nós próprios e preferiremos fazer silêncio, extinguindo o mal.
André Luiz
(extraído
do livro "O Espírito da Verdade", Autores Diversos,
pela mediunidade de Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira .FEB, 1961.)
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