Sempre que se fala em emoções, imediatamente faz-se ligação com algo passional, intempestivo, perturbador e até proibido. Devido às tradições culturais, aos credos, seitas ou religiões, emoção é sinônimo de intemperança, paixão, descontrole, perigo e, por incrível que pareça, em alguns casos, sujeira.
Já chegaram a ser definidas como o lado negro do ser humano; como tal, deviam ser reprimidas e suprimidas, elegendo-se o comportamento racional – calculista e frio – como o modelo ideal para um ser humano forte e equilibrado.
A sabedoria antiga de várias raças, contida em seus escritos milenares, sempre indicou que emoções são forças energéticas próprias da essência do ser, provenientes da Inteligência Universal. Por isso mesmo, fazem parte do Espírito, como ferramentas próprias ao uso para sua evolução.
Para se aproveitar todo o potencial e bom uso de uma ferramenta, faz-se mister conhecê-la: sua finalidade, sua construção e modo de uso, assim como sua funcionalidade. Ex.: para se usar bem uma faca e sem riscos de se cortar, é preciso saber para o que serve, do que e como é feita e como usá-la.
Assim é com as emoções, ferramentas energéticas do espírito, que impulsionam e desencadeiam atitudes, sentimentos, sensações e comportamentos que levam o indivíduo a uma mudança de padrão, seja ela da ordem que for: material ou espiritual.
Em toda energia há força, ação, a qual alavanca os acontecimentos. E, se emoção é energia, ela também é força e ação, criando novos fatos e situações.
O “xis” da questão está exatamente em aceitar sua existência como tal, e aprender a conhecê-las, convivendo sem conflitos, cara a cara, em todos os aspectos e condições em que se apresentam.
Quem nega a força da coragem frente a um desafio aparentemente impossível? Frente à injustiça? Quem nega a força da raiva que nos leva a nos defender quando agredidos? E não é a raiva uma emoção tão forte que conduz ao ódio, à vingança e até à morte, inclusive podendo causar também a morte daquele que está sentindo a própria raiva?
E essa força é tão grande que pode ser exercida sem ao menos se levantar um dedo, somente com a força do pensamento e do desejo… do olhar…do tom de voz…Por aí, constata-se como a força das emoções é coadjuvante poderoso na evolução completa do Homem, quando usada com sabedoria.
Emoções reprimidas, recalcadas, remoídas – a própria composição das palavras já demonstra a condição da energia em questão: re = duas vezes – são energias represadas, portanto acumuladas e que, fatalmente, se exteriorizarão de modo inadequado, em momentos impróprios, muitas vezes direcionando-se a fatos, pessoas ou situações que nada têm a ver com a reação.
É doloroso ver o que o indivíduo muito controlado produz em sua vida e em seu corpo; aqui, controlado e reprimido são sinônimos de cristalizado em suas convicções e comportamentos, inflexível e irredutível em seus julgamentos, conceitos e atitudes. Criam-se inimizades, solidão; o vitimismo e a autopiedade se tornam regras de vida como saída, tornando este indivíduo uma pessoa chata e de difícil convivência.
As doenças físicas se instalam confortavelmente, mostrando, no corpo, os núcleos das energias pesadas, condensadas e lá fixadas. A doença é a válvula que indica o nível de pressão dentro da panela, leia-se, do indivíduo. Pressão alta, dores musculares, doenças cardiovasculares, doenças auto-imunes, problemas de articulação e de coluna vertebral são alguns dos sintomas de energia emocional reprimida e cristalizada.
Que potência temos ao nosso uso! Que super-ferramenta o Universo nos proveu! Somos capazes de materializar a energia em nós!
Por outro lado, emoções desenfreadas – resumo de vaidade, orgulho, autoritarismo, pretensão, ambição desequilibrada – são como uma manada de touros em uma plantação de flores: um arraso só. Um tirano arruína tudo e todos por onde passa, desde uma família até uma nação; usando a força de sua vaidade, da crença e confiança em sua superioridade para alcançar seus objetivos, é drástico, antiético, cheio de egocentrismo e pretensão, e, do alto de seu pedestal, na plena certeza de sua soberania, humilha, destrata e derruba as instituições e ânimos.
Mais uma vez, que força! Embora mal usada, é preciso reconhecer que é uma energia de grande poder!
A Inteligência Universal, em sua suprema sabedoria, deu esta energia ao Homem juntamente com a razão, inteligência e arbítrio, para que este a usasse com lucidez e equilíbrio. O Homem deixou de ser puramente instinto (animal) para ser emoção (hominal).
Nada foi criado sem finalidade e função.
Confirmando o que diz a tradição - fomos criados à imagem e semelhança de Deus - o grande Jesus define com segurança:” Vós sois deuses”, reafirmando a origem cósmica da humanidade e, portanto, estabelecendo que todas as forças e energias divinas originais estão contidas na essência espiritual do Homem.
Aprender a usá-las e administrá-las é parte fundamental da evolução da raça humana. É observando impulsos, analisando sensações, refletindo sobre as reações frente à motivação, corajosamente enfrentando resistências e tabus, que se aprende a conhecer a ferramenta energética cujo nome é emoção, e a fazer uso dela positivamente, a favor do aprimoramento interior, numa verdadeira e intensa expansão consciencial que leva à comunhão com o Universo Maior.
É preciso desmistificar os velhos conceitos e vencer as resistências que levam a humanidade a solapar o sentir. Sim, pois emoção tem como sinônimo a sensação.
Prazer, alegria, medo, tristeza, dor, ódio, raiva, compaixão, plenitude, paz, ansiedade, impotência ou segurança: encarar tais emoções/sensações, dar-se o direito de senti-las com a finalidade de descobrir suas origens e analisá-las e assim reformulá-las maduramente, de modo a utilizar sua força em prol de um comportamento renovado.
Sem culpa, sem medo ou severas auto-cobranças, sem sofrimento ou punição. Mas com lucidez e coragem.
Sentir prazer! Sim, prazer!!! O prazer da vida e do viver; o prazer da alegria, da descontração; da sensualidade, da sexualidade, da amizade e da fraternidade.
O prazer de um morno entardecer, do canto de um pássaro, da vitória sobre um desafio; de uma comida gostosa, da leitura de um livro; da dança, da música e da arte...
Sentir e viver o prazer do amor verdadeiro, da compaixão, do poder, da força, da expansão da consciência!
Sentir e perceber a intensidade da força da raiva e do ódio e usar tais impulsos para construir novos comportamentos, funcionais e prósperos
É preciso ter sempre a clareza de que através desta força criam-se formas mentais e materiais, construtivas ou prejudiciais – é o atributo divino existente em todo ser humano.
Por isso, emoções e sensações são espirituais.
Saber usá-las é ser espiritual, é espiritualizar-se, é estar dentro do contexto da ação conjunta com as forças cósmicas.
É ter coragem de praticar a divindade e estar ligado à Fonte Maior.
Como dizia Jesus, é ser um com Deus. É ser deus...
Eda Cecília Marini
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